A sensação de incompletude te angustia? Abrace o que te falta.
- Marianna Protázio
- 14 de jul. de 2016
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de jun.
Pode ser a falta de um relacionamento de casal estável, o desejo de uma casa melhor, de ter um filho, a saudade de uma pessoal ou animal de estimação que partiu. Na eterna dança entre a incompletude e a totalidade reside em nós um motor importante: é na falta que encontramos o impulso vital da existência, o pulsar da vida está no constante vir-a-ser. Aceite-se em movimento.

É claro que ainda que nossa busca por ser completos nos mova, ela nos constrange com a angústia daquilo que ainda não pudemos alcançar. Porém, nossas melhores perspectivas de uma saúde mental sustentável não estão em alcançar uma meta, mas sim na diversidade de nossas experiências e de nossos desejos durante esta jornada. Na pluralidade ampliamos o si mesmo e podemos transformar nossos sentimentos.
Estejamos atentos, por tanto, às experiências que vivemos neste terreno: sustentar nossa incompletude fortalece o pulsar da vida que habita em nós. Apesar de parecer contraditório à princípio, tanto a incompletude, com suas diferenças, quanto o desejo de alcançar a totalidade, a completude, são legítimos.
É na convivência com as diferenças que nos habitam e que nos rodeiam que as melhores perspectivas de devir e as maiores riquezas podem ser alcançadas em vida. Nosso caminho será tão mais interessante e intenso quanto melhor convivermos com suas singularidades e seu misterioso modo único de ser no mundo.
Manuel de Barros, ilustra bem esse paradoxo fundamental, que traduzo aqui através de seu poema "Retrato do artista quando coisa":

À angustia que insiste em pairar diante dos vazios e faltas que "habitam" nossos dias, respondemos: "Hoje não". Por isso importa falar sobre os sentimentos desoladores, frutos da crítica interna, e que geram tal angústia, como uma maneira de apaziguar-se com eles, transformando-os em aliados para a superação do mal-estar.